Arquivo mensal: abril 2014

Software como um Serviço – SaaS

Em sua definição mais simples, “é um modelo de distribuição de software no qual as aplicações são hospedadas por um fornecedor ou prestador de serviços e disponibilizadas aos clientes através de uma rede, geralmente a Internet” (RITTINGHOUSE; RANSOME, 2009, p. 89).

Esse modelo fundamenta-se, essencialmente, no conceito de locação de funcionalidade da aplicação de um prestador de serviços em vez do cliente adquirir, implantar e executar o software por si próprio. Ou seja, o cliente executa a aplicação na infraestrutura do provedor de serviços, de modo que as aplicações são acessíveis a partir de diversos dispositivos (desktops, notebooks, smartphones, etc.) do cliente através de uma interface como um navegador web. Contudo, “o cliente não administra ou controla a infraestrutura subjacente à nuvem, incluindo rede, servidores, sistemas operacionais, armazenamento ou mesmo as capacidades de aplicação individual, com a possível exceção de limitações das configurações da aplicação para um usuário específico” (Security Guidance for Critical Areas of Focus in Cloud Computing V2.1,  2009, p. 15).

SaaS é o termo que os profissionais de software e seus parceiros de negócios geralmente associam aos aos software de negócios na nuvem e ele é comumente avaliado como uma forma de baixo custo para as corporações de obter os direitos de utilizar o software conforme a necessidade, ao invés de obter o licenciamento de todas as aplicações em todos os dispositivos.

Dessa forma, o licenciamento por demanda permite o uso de softwares comercialmente licenciados via nuvem sem a complexidade associada de licenciamento por dispositivo e portanto, evitando os potenciais custos iniciais elevados de equipar todos os dispositivos com os aplicativos que são usados.

 Características Principais

a) Acesso e gestão baseado em rede do software comercialmente disponível;

b) Atividades geridas a partir de locais centrais e não no local de cada cliente, permitindo aos clientes acessar aplicativos remotamente via Web;

c) Entrega de aplicativos normalmente seguindo o modelo de um-para-muitos (única instância, arquitetura multi-inquilino) do que o modelo um-para-um, incluindo a arquitetura, precificação, parceria e gestão de características;

d) Recurso de atualização centralizada, o que elimina a necessidade dos usuários finais baixarem correções e atualizações;

e) Integração frequente numa maior rede de softwares comunicantes – quer como parte de um mashup, ou como um plugin para uma plataforma como um serviço. (Serviço Orientado à Arquitetura é naturalmente mais complexo do que os modelos tradicionais de implantação de software).

 Principais Benefícios

a) Economia de Capital;

b) Economia de Tempo;

c) Orçamentos de foco em vantagem competitiva, em vez de infraestrutura;

d) Ganho de acesso imediato às últimas inovações;

e) Aumento da acessibilidade;

f) Pagamento conforme o uso, facilitando a previsão dos custos;

g) Eficiência do modelo multi-inquilino;

h) Flexibilidade e Elasticidade.

É devido a essas características e benefícios que Eduardo Lucas Pinto, CIO do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, que também atua como consultor para algumas empresas, afirma que em sua visão “é mais fácil justificar SaaS para os empresários (CFO, ou gerentes financeiros), porque, ao comprar a licença, você adquire um bem e, quando você apenas usa o serviço, é operacional e pode cancelar o contrato e sanar a despesa quando não precisar mais. A licença pressupõe investimento mesmo se não mantiver o processo. E a compra de bem tem depreciação de três a cinco anos” (CAVALCANTI, V.).

Outras questões

Dados do Gartner apontam que, até 2014 (ano da Copa do Mundo no Brasil), a adoção de SaaS em todo o mundo crescerá a uma taxa média anual de 29%, sendo que a perspectiva de faturamento mundial poderá ser de US$ 20,72 bilhões. Destacando-se no ranking de aplicativos mais utilizados e procurados, tem-se o software de gestão de relacionamento com o cliente e ferramentas de colaboração.

Contudo, já se observa uma convergência na adesão de ERP como serviço, ainda que seja uma presença tímida devido à criticidade envolvendo o processo e também pela necessidade de um SLA de praticamente 100%, o que requer uma rede extremamente confiável.

Adicionalmente, um estudo produzido pela Forrester Research, em Novembro de 2010, com mais de mil negociantes de TI de corporações de todos os portes na América do Norte e Europa divulgou a estratégia dos executivos em relação à adoção de SaaS, sendo que o TCO (Total Cost of Ownership, ou Custo Total de Propriedade) aparece como um dos principais motivos dessa adoção, ponderando sobre os custos atrelados ao hardware, suporte, licenças e atualizações. A velocidade de implantação do projeto e a redução da equipe, destinada apenas para manutenção do software, surgem como outros motivadores.

Segundo Liz Herbert, uma das autoras dos estudos da Forrester, “funcionalidade e modelo de precificação (CAPEX versus OPEX) também lideram a busca por SaaS” (CAVALCANTI, V.).

De fato, o modelo de software como serviço representou 70% da receita de softwares em nuvem em 2010, com o de infraestrutura como serviço ficando com os 30% restantes, de acordo com a Analysys Mason.

De maneira geral, contudo, e em especial na faixa de aplicações complexas, o modelo de SaaS – bem como as promessas de nuvem – ainda recebem críticas e necessitam superar dificuldades, como preços não frequentemente competitivos, com taxa mensal do serviço podendo chegar a duas vezes o da licença, segundo analistas e CIOs e, principalmente, custos escondidos de gerenciamento da infraestrutura subjacente a nuvem.

Com a discussão sobre essas dificuldades, Fernando Meirelles, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, analisa que “ninguém tem ideia de qual será o modelo que vai vingar. De um lado, há usuários descontentes com o modelo tradicional; de outro, baixa aceitação às novas propostas” (COUTO, V.).

Um estudo do Gartner, por exemplo, chama a atenção para os custos escondidos na contratação de CRM como serviço. Relatam que empresas como a Salesforce.com, RightNow Technologies, Oracle (Siebel CRM On Demand) e NetSuite cobram mensalidades semelhantes, porém possuem termos e valores muito distintos quando se trata de níveis de serviço, garantias de testes, tempo de resposta, armazenamento, segurança e manutenção.

Referências: